segunda-feira, 21 de março de 2011

Memória

Hoje me aconteceu uma coisa curiosa no caminho de volta pra casa.

Eu acabara de descer do ônibus quando, vindo do outro lado da rua, passa por mim um senhor de uns cinquenta anos, cantando muito alto. Enquanto as outras pessoas que esperavam pra atravessar a rua olharam-no com estranheza, eu sorri, sentindo uma leve inveja daquela criatura.
Atravessei a rua e continuei caminhando, cantarolando uma canção.
Eis que, sem mais nem menos, completamente alheia a meus pensamentos no momento, uma lágrima escorre. Foi então que percebi a música que estava cantando. Uma música que me remetia a uma história ainda um pouco dolorosa mas que, como muitas outras coisas, estava jogada em algum canto da memória.
Aquela lágrima foi única, solitária.
Tive pena de enxugá-la, e deixei que secasse com o vento.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Duvidem!

Cada linha escrita, cada frase, cada palavra, cada sílaba é uma mentira bem contada. Ou não.
Todas as noites, quando entro aqui e releio o que escrevi, mesmo que tenha sido a dez minutos atrás, eu tenho vontade de jogar tudo fora, de apagar e começar de novo. Uma folha em branco.
Eu acabo de escrever, e já nem sei mais quanto daquilo me pertence, quanto daquilo realmente fala de mim.
Detesto quase tudo aquilo que escrevo.
E quanto mais verdadeiro, pior.
Amo as mentiras, que me fazem esquecer toda essa realidade suja.
Eu espero. E o que espero?
Uma grande e fantástica mentira.

Eu lhes peço encarecidamente:
Duvidem de tudo o que seus olhos podem ver.
Duvidem até mesmo da cor do vento.
Duvidem até o último segundo.
Duvidem.