terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Como de Costume

Todos reunidos em volta do suculento peru de natal.
"De quem será o primeiro pedaço?", pergunta a avó.

O primeiro pedaço foi pra prima magrela, aquela que não conseguia arranjar marido e se matava de trabalhar naquele escritoriozinho no centro da cidade. Coitada, o salário é tão baixo que nem pode sair da casa dos pais. Um verdadeiro peso morto. Completamente diferente do irmão, esse sim um empresário bem sucedido. Mas aquela mulherzinha dele, ah, ninguém merece. Sem sal, é o que ela é. E o que faz? Ninguém sabe. Deve ser uma dessas dondocas que vive às custas do dinheiro do marido.

O segundo pedaço foi para o neto mais velho, aquele que tinha acabado de se divorciar. Ela ficou com as crianças. Mas também, que juiz daria a guarda de duas crianças a um professorzinho universitário recém-desempregado. Não, não... ele perdeu o emprego depois de perder a guarda dos filhos. Mas também, como ele iria sustentar duas crianças com aquele salário? Ela não. Tem um emprego importante. Ganha bem. Tem condições de criar direito uma criança.

O terceiro pedaço foi para a filha mais nova, aquela que ficou viuva. E os filhos dela? A menina está viajando. Ah, como ela é estudiosa! Além do que, uma graça de menina. E o rapaz? Esse não quis vir, preferiu passar o natal com aquele "amigo" dele. Coitada da mãe, ter que suportar isso. Pelo menos teve o bom censo de não aparecer pro por aqui.

O quarto pedaço foi pro sobrinho, aquele que acabou de se formar e não consegue emprego em lugar nenhum. Um vagabundo, isso sim. 

O quinto pedaço foi pra irmã mais velha, aquela que traia o marido com outro.

O sexto foi pro marido da outra prima. Um traste.

Todos se deliciavam naquela bela ceia de natal, sem notar a ausência do neto mais novo, que se ocupava em despir sua mais recente namorada.

2 comentários:

Carol Portella disse...

ééééé... acontece nas melhores famílias!

Luísa disse...

ae! gostei!!