segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Le Temps Perdue

- Te amo.

Ele fingiu que não ouviu.
Vestiu uma bermuda e saiu do quarto.
Estava tudo errado. Não era ela, ele sabia. Sempre soube.
Desde a primeira troca de olhares, do primeiro beijo, da primeira noite.
Como podia ser isso?
As últimas horas haviam sido maravilhosas.
Era como se o mundo todo deixasse de existir quando estavam os dois lá, nus.
Era como se realmente fosse ela.
Mas não.
A lembrança daquele perfume e daqueles olhos era o suficiente para varrê-la do pensamento e transformar aquelas horas em nada, em pó.
Não, aquilo não estava certo.
Já haviam ido longe demais. Estava na hora de colocar um ponto final nessa história.
Mas não agora.
Não hoje.
Sentiu seus braços frios abraçando-o.

- Estou indo.
- Tá.

Abriu a porta. Ela chamou o elevador.
Nenhum dos dois falava. Ele evitava seu olhar.
A porta do elevador se abriu.
Ela novamente enlaçou-o em seus braços e beijou-o nos lábios.

- Te amo.
- Eu também.