sábado, 15 de janeiro de 2011

Força Bruta

Eu bato a porta e saio.
Nunca tinha reparado como esse corredor é estreito. Aperto o botão do elevador. Demora. Demora. Sufoco! Não aguento! Desço as escadas, 5 andares. Correndo. Passo o hall, chego na rua.
"Não pare! Não pare!"
Meus passos apressados ecoam nos meus ouvidos. O mundo passa por mim como uma grande mancha difusa. Ouço meu coração pulsando no crânio.
"Mais rápido! Mais rápido!"
A imagem dela sentada na cama em silêncio não me sai da cabeça.
Minha boca tem um gosto amargo.
Acho que vou vomitar.

Fecho a porta, atordoado, e me deixo cair no sofá.
Minha camiseta está ensopada de suor.
Meu corpo treme inteiro.

Acordo com o telefone tocando.
"Alô?...Alô?"
"Oi... Sou eu."
"Ah..."
"Você esqueceu a carteira em casa..."
"Eu pego amanhã. Deixa na portaria."
"Tá... Você... tá bem?"
"Por que eu não estaria?"
"Desculpa... Eu só pensei..."
"Pensou errado. Era só isso?"
"... Sim."
"Tchau."
Por que eu fiz isso?

Um mês. Num bar.
Ela está na minha frente. Ah, como sinto falta desse perfume.
Como você está?
Bem - seco.
Eu...eu queria conversar com você.
Por que?
...
Viro e vou pra minha mesa. Ela fica parada no mesmo lugar, segurando a garrafa de cerveja. Vejo ela sair e ir para sua mesa.
Por que eu faço isso? Estúpido!
"Eu sinto a sua falta! Eu quero você de volta! Eu quero seu corpo, seu cheiro, sua voz! Eu quero gritar pra esse bar inteiro ouvir!"
Bebo rápido. Engulo.

Levanto, passo por sua mesa sem olhar. Sinto os olhos dela me queimando.
Vou para o próximo bar e bebo. A bebida desce queimando a garganta. Alguém me diga que assim eu me salvo, que assim eu sufoco essa dor. Alguém me diga que assim eu afogo sua lembrança.

Um quarto de motel barato. Minha cabeça dói.
Eu pego o telefone, apago seu número.
Mas quem te apaga de mim?

Volto pra casa, deito na cama.
O cheiro do perfume barato me faz querer vomitar.

3 comentários:

Luísa disse...

de uma próxima vez puxe-a pelo braço. diga que a quer, o que quer, como quer. aceite um beijo, um tapa... não aceite silêncios.

Ivan disse...

Fala pra ele! hehehhe

Pat Lávisqui disse...

manda pro inferno, isso sim.